sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

fuga [trecho]

a mãe ligou assustada: – ele fugiu de casa. ela não falou tranquila, como foi da vez dele, foi na busca. encontrou uns coleguinhas e tudo o mais. tinha igualmente treze aninhos. parece ser lei tentar fugir de casa pelo menos uma vez. como se diz muito por aí: tolstói fugiu pela janela aos cento e tarará anos. nunca é tarde demais – tampouco cedo. treze anos, nunca se fodeu – ele mesmo nunca se fodera. evitava a dor como vampiro evita alho, lobisomem bala de prata. coisas que não existiam – qual a fuga da dor – ela sempre te encontra – agora por exemplo, ia mordendo o nó dos dedos no ônibus quase vazio. cigarros, um atrás do outro – comprei um maço, já foram 8, menos de uma hora – na semana em que decidi parar/diminuir. vai se foder moleque. andou pelas ruelas, como fez naquela vez, mas com mais cautela, a barbinha chamava atenção. tudo bem, pensou, qualquer coisa ligaria praquele amigo que conhecia todo mundo – todo mundo tem um amigo que conhece todo mundo. [...]

eap

0 comentários:

Postar um comentário