a mãe ligou assustada:
– ele fugiu de casa.
ela não falou tranquila, como foi da vez dele, foi na busca.
encontrou uns coleguinhas e tudo o mais.
tinha igualmente treze aninhos.
parece ser lei tentar fugir de casa pelo menos uma vez.
como se diz muito por aí: tolstói fugiu pela janela aos cento e tarará anos.
nunca é tarde demais – tampouco cedo.
treze anos, nunca se fodeu
– ele mesmo nunca se fodera.
evitava a dor como vampiro evita alho, lobisomem bala de prata. coisas que não existiam – qual a fuga da dor – ela sempre te encontra – agora por exemplo, ia mordendo o nó dos dedos no ônibus quase vazio.
cigarros, um atrás do outro – comprei um maço, já foram 8, menos de uma hora – na semana em que decidi parar/diminuir. vai se foder moleque.
andou pelas ruelas, como fez naquela vez, mas com mais cautela, a barbinha chamava atenção.
tudo bem, pensou, qualquer coisa ligaria praquele amigo que conhecia todo mundo – todo mundo tem um amigo que conhece todo mundo. [...]
eap
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