segunda-feira, 7 de junho de 2010

Listas, Black Hole Sun, Surrealismo, David Lynch.




Hoje acordei cedo, e liguei a tv. Pus na MTV, e eis que estava passando um MTV Lab Listas. E se há uma coisa que gosto, são as listas. Listas me indignam, e me atormetam, mas também me fazem feliz. Um exemplo? Ora, é péssimo descobrir que seu nome não está numa das listas mais desejadas de quando você tem dezoito anos, que é a lista de aprovados. É felicidade e frustração na mesma proporção. Cinquenta por cento pra cada lado. Listas me emputecem, às vezes não pela falta, mas pelo excesso de coisas. Por exemplo, peguei esses dois livros que dei uma rápida olhadela em cada um. No primeiro, há quem diga que eu sou um escroto, mas o que diabos um cd da Britney Spears diferenciará no meu futuro? E no segundo, o que Pânico está fazendo naquela lista? Poderiam ter posto qualquer outra coisa ali, sinceramente. Mas esses são os críticos. os críticos sabem o que dizem, e podem mandar um artista ás estrelas ou á merda com um simples gostei ou não gostei.


Mas a lista hoje era de clipes surrealistas. Havia um clipe da banda paralela de Thom Yorke, havia um clipe do Nine Inch Nails, que coincidentemente é tema de um filme de David Lynch, do qual vou falar logo em seguida, e veio então o clipe que mais gosto, que é de uma estranheza claustrofóbica. Nojento, imbecil, intrigante, curioso, escroto, medonho, bem bolado. Todos esses são adjetivos dados ao clipe, que ouvi durante as vezes que mostreio-o para alguém.



Black Hole Sun, é uma música muito bonitinha em seu começo, mas que logo em seguida abre espaço para as distorções, as guitarras doentias de Kim Thayil, que saem desafinando tudo na hora mais macabra do clipe, quando os habitantes de uma cidade (que pode ser qualquer cidade estadunidense, com aquelas cercas brancas e pessoas estranhamente felizes e sorridentes) são tragados para dentro do tal "Sol do buraco negro". No clipe vemos coisas que de tão absurdas nos causam três sensações: ou estranheza, divertimento ou nojo. Crianças queimando baratas com lupas, um alquimista (?), gente babaca, babando de frente a uma tv, sorrisos macabros que se abrem de uma maneira assustadora com efeitos especiais de última geração. Toda aquela ditadura da moda, com a mulher se requebrando toda em cima de uma máquina que tem uma cinta enquanto passa um batom (na cara), um dálmata na banheira, crianças se debatendo, bonecas na churrasqueira... Difícil de entender não é. Quer dizer, pelo meu ponto de vista. Vejo mais como uma crítica ao modo de vida dos EUA. Fúteis.



Mas esse surrealismo passa longe de um filminho de quinze minutos do qual acho que muitas pessoas já ouviram falar, que se chama um Cão Andaluz. É um filme francês realizado em uma parceria entre o grande diretor espanhol Luis Buñuel e o grande pintor surrealista Salvador Dali, também espanhol. Ninguém entendeu, para variar. Mas como a função dos artistas do contexto não era fazerem-se entendidos, e sim, mostrar uma nova corrente de pensamento que se difundiu naquelas épocas, com o Modernismo que se estendeu na literatura, nas artes plásticas, e como podemos ver, nas artes visuais também. Essa premissa de querer revolucionar é uma ideia que não sai da cabeça alheia, e um diretor em especial causa impacto na minha cabeça e derrete todos os meus poucos neurônios.




David Lynch, ao contrário do que muitos pensam não é um diretor surrealista propriamente dito. Não tal como foi Buñuel. E sim o cara muito inteligente que quis modificar padrões pré-estabelecidos no tal cinema hollywoodiano. Seu filme Mulholland Drive é uma mostra disso. O filme, que eu demorei três anos para fundar uma ideia que está muito próxima de se desmanchar que vai ser no momento exato em que eu assistí-lo novamente, é m quebra cabeças bizarro e surreal, que tem características já famosas do diretor, que é uma quebra do eixo temático da história. Tal como ele fez anos antes com Lost Highway (que eu não vi, por isso não vou comentar), e faria novamente em 2006 com INLAND EMPIRE (assim mesmo, com letras maiúsculas), que é um filme concebido sem nem ao menos conter um argumento de uma refilmagem de um filme polonês que foi "amaldiçoado" pois os protagonistas se envolveram e foram mortos (falando assim é fácil, mas vai entender o que diabos é aquilo...). Mas essa fixação do diretor já vem desde o seu primeiro filme, Eraserhead, que é um horror pós-industrial que fecha as possibilidades de um entendimento ao menos primário do que o diretor quis dizer, já que o filme não deixa nenhum resíduo de certeza para ao menos fazermos demagogias bobas, do tipo, "Ah,
o filme é uma amostra do quantos estamos esquecendo de viver, do quanto é difícil conviver numa futuro sem perspectivas. Que a única esperança é a vida após a morte, o sossego eterno". O caralho.


No final das contas, o filme não é nenhuma coisa nem outra, senão uma obra de grande impacto visual. O diretor tem mesmo alguns bons filmes, que não o afastam tanto assim de fãs, como eu sou, como o clássicos dos anos oitenta, como, O Homem Elefante (baseado numa história real), Coração Selvagem (que também não assisti, mas sei que ganhou a Palma de Ouro em Cannes) e Veludo Azul, este, onde o saudoso Dennis Hopper (que os vermes o devorem com respeito) maltrata de uma maneira doentia a belíssima Isabela Rosselini. O filme mostra, assim como o clipe Black Hole Sun, o horror por trás das belíssimas cercas de madeira pintadas de branco e dos sorrisos saudosos de quem tem cara de fazer propaganda de leite em pó o tempo inteiro.




Ouvindo Driver 8 - REM, com uma agonia de estar com o dedo enfaixado por causa de uma unha encravada que foi arrancada numa mini-cirurgia. A perna formiga, parece até que estou com elefantíase (Homem Elefante!).

Jane, tu és a coisa mais gostosa deste mundo. Quero arrancar as suas bochechas, à la Hannibal Lecter e comer com ervilhas!


Mentirinha! Amo você.

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