domingo, 13 de outubro de 2013

ensaio sobre sagitário

meus pés querem galgar o infinito, o infinito sem nome das vozes que recorrem à memória outrora esquecida, na verdade meus pés não têm sentido em permanecer na estrada: voo, e é assim que assanho os cabelos e destilo minha liberdade, meus três sentidos d'alma, meus poucos reflexos; já se foram a faísca, o fogo, me resta a brasa, que ainda tem força para queimar, para ser, para ter. mas não quero ter, quero ser, e nisso de procurar, não crio raízes, saio do chão, galgo com as pontas dos dedos, qualquer coisa que me faça sentir prazer de não ter sempre nos olhos este mesmo céu que teima em ser azul, em ser infinitamente azul, indefinida, sórdida, maléfica, doloridamente azul. meus olhos creem, meu corpo sabe, minha mente tosta as ideias que por enquanto tento não mostrar, mas minha língua é pontuda e ferina, qual lança envenenada, e hei de dizer-te, de falar-te, de jogar um balde de verdades na sua cara, seja que cheiro ou espessura e viscosidade estejam contidas em tuas verdades; não negue nada aos meus olhos e ouvidos, não hei de escutar, segura minha mão apenas se for para ir comigo, nunca para ficar, porquê eu não fico, não olho para trás, não vou lá nem para pegar impulso, nem para ver o destroço do elefante que entrou na lojinha de artefatos de porcelana e resolveu sair assustado; não olharei, não atinarei, mas se quiser vir comigo, te estendo a mão, um pouco do meu coração, e a gente pode, quem sabe, saber da alma um do outro, e falar de como foi bom noutras línguas.

eap

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