sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

dormer/morrir

morrer parece saída ou entrada
fim ou começo de um espetáculo
onde não se paga
nem leva nada

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adeus às armas,
aos jogos,
ao despertador
(acorda, sim,
junto desperta
a dor).

adeus escovar os dentes,
adeus dentes (entes),
adeus banhos diários,
cabelos penteados
(a festa de boas vindas
dos piolhos e vermes:
meus elos e cabrestos,
correntes
do fim,
amarram-se aqui
no fundo desta vala,
travesseiro de pedra,
cama estofada, estufada,
esfolada, fadada ao adormecer do fracasso -
paletó, gravata,
se eu tiver sorte),

adeus caminhada, adeus,
sinais, ônibus,
adeus aviões, adeus,
navegantes,
tripulantes e passageiros.

adeus marinheiros
demônios da solidão contin(m)ental,
adeus lembranças,
todas elas,
adeus guitarras elétricas, distorção/ruído branco
(madrugada de sono insone profundo),
adeus adeus insônia,
porque o sono
finalmente me guarda
no lençol escuro da noite.

eap

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