quarta-feira, 10 de setembro de 2014

praquela que ainda não veio

olho instantes antes de dormir,
algumas fotos de uma cadência
que vai para além de tudo
o que não me diz, o que ainda teremos a dizer
-- aí que sim, a gente poderia ter umas horas
para refazer aquilo que cada um de nós deixou pra trás.

é que desses dias a gente só toma
o que é válido se tomar -- e me desculpe
invadir assim o seu espaço, por favor,
mas ao mesmo tempo, com licença,
porque eu queria muito saber como são
as paredes da tua sala, do teu quarto,
o cheiro do teu lençol, a curva que se faz
antes de começar a cintura, e trazê-la assim
praquele abraço ainda não dado...

não sabemos de nada ainda,
um do outro,
nem custa saber, talvez seja melhor
que sim, que não -- não sei mais de nada,
só quero estar a par de tudo,
sem me deixar abalar com nada,

no teu braço fazer cobertor
e nas tuas pernas.

apagar as luzes, a gente poderia ter um dia
ou dois, ou três,
pra poder falar sobre qualquer coisa,
enquanto o dia insistisse em nascer.

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