sábado, 3 de dezembro de 2011

Garotos e Garotas -- Parte 1

Ele era quase todo felicidade, conquanto não mexessem em seu calo: nada de relacionamentos. Seja de amigos, parentes, seja de amores, pessoas mesmo ausentes. Quando em vez se pegava em pé de guerra com a memória. Tudo era demais: pessoas demais, responsabilidades demais, vida demais, coisas demais. Mas se no fundo era feliz, então tudo bem. Até aquele dia, era claro que sua vida se guiava num nível de constante bonança. Quando, naquele dia, justamente naquele dia, em que as horas mortas se sobrepunham por entre a gritaria do povo, gente feliz demais, mais que ele, que era quase feliz, mesmo sendo notado em sua cara morena uma tristeza messiânica, naquele dia, veio-lhe um coração frangalhado de desassossego apaixonado. Ele saberia como dizer sim, mas era tão mais velho, que sua tristeza se camuflou de um espanto, de um temor, de uma angústia, e de repente, uma repulsa. A superioridade masculina. Daí feliz. Daí orgulhoso. Embora inconsciente. Era coisa de se ser homem. E em meio a folia, da balbúrdia dos felizes alunos em integração, veio a garota com ar de inocência. Quatro anos, era demais. Além do quê, não é lá essas... Não. Por que, por que, por que, a martelar, e, dois caminhos: sim, você não é linda, e não, eu não quero, você é muito jovem -- o que acarretaria desenlaces que sua mente juvenil jamais se permitisse conformar. Disse o que disse, com dó de lágrima derramada -- é pena, essa não era a reação que esperava. Preferia raiva, ódio, desejo de morte... Mas tristeza não. Tristeza não se brinca. Ele bem sabia que tristeza não era coisa de se brincar. Fora para casa sem mais na cabeça. É de se morrer? Não... Ano que vem capo fora, já nem aqui nem lá... E assim por diante.

E,a,p'

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