domingo, 26 de agosto de 2012

a outra (ou luto)


cubro teus pés de rosas e me dou lastimada de lembranças, você era sempre você, mesmo quando me chegava e me era, e me errava. cê só me errava, me punha certa, errada. hoje que tenho mais que fazer? pudesse te despertar, como, alimento meu alimentador, como comer-te assim? sou órfã de ti, dos teus entrepernas, meus teus entrepernas, da líquida calda que nos punha fáceis frágeis ágeis à parte de toda lentidão do mundo. te choro com os dedos, com as mãos, com os olhos fitos no teto, suspirados suspensos suados. hoje cubro teus pés de flores e terra, teu rosto mais fundo mais fundo que o poço do quintal, no qual me pus a jogar moedas, desejando até o fim voltar a faca cravada no teu peito. hoje ter-te tem sido teste destes detestáveis de se ter temor, trago-te de volta e no cigarro te trago, te sorvo, te tomo dos copos de cachaça até cair e me te esquecer. filho da puta. pra quê morrer? pra quê? se eu tanto te quis? as tais flores já vão várias, e não posso muito te dar atenção, os pretinhos vão andando calmamente, vou mais à tarde atrás, de branco.

eap

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