sábado, 7 de janeiro de 2012

O Parir Misterioso


Ora, sombreeis minha alegria
com a nuvem que passa
e não tenta, nem disfarça
que finda-a: abre as portas
à doce melancolia.

É então que vem a ventania
e não reclama da caça
essa coisa miúda e esparsa
que entrelinhas se consome
até o fim do dia

e cheia de dor, segura-se a que se fia,
e então, pobre bicho que arregaça
tinta da caneta do poeta em desgraça
sobre o despojo do sangue
é filho da arte - coisa vadia!

sem pai, nem mãe - parecesse pia,
não fosse seu adorno que se espaça
se envaidece e extravasa 
as linhas a que se prende
e me pergunto somente: 

que é de ti poesia?

eap

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