segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

In Random - Carnaval

Uma livre associação de palavras, alem de um distúrbio dissonante ao pé do ouvido de uma música que nunca se faz inteligível em meio ao caos sonoro das guitarras, outras vezes entra a viola, entra também o dedilhar lamurioso cheio de dengue da viola recheada da ternura da bossa, e que bossa, aqueles dedinhos aveludados de um senhorzinho, mister powell, o foda, que, será que despretensiosamente?, descobriu a beleza da bossa, digo, não ele, mas outro, que punha o filhote pra dormir, mas, voltamos sempre às guitarras, porque parece que na nossa realidade, pelo menos a que se diz nossa, exclui o coração e os corações aflitos dos que não sabem nada do samba do malandro, do samba feito com a alma cheia de uma sabedoria popular, porque os coraçõezinhos que se esvoaçam em meio ao striptease da amargura pungente dos que querem lugar no mundo pretendem ficar assim mesmo, melancólicos, não pôr a sua exclusão num ponto de ebulição que jamais irão encontrar nem conceber como únicos os ritmos calientes das nossas violinhas, sanfonas, triângulos, atabaques e agogôs, que, simplesmente são difíceis aos ouvidos ainda não acostumados com a nossa cultura - ao menos comigo aconteceu assim a disritmia que começou por desconstruir meus ouvidos e personalidades, não que já me tenha ido pela cabeça esse enjoo ainda ressentido da cultura brasileira, que sequer molhei o mindinho em meio ao rio profundo no qual a música brasileira está inserida, cheia duma personalidade própria, ou não, entretanto, o ritmo é alegre, e o sonic youth me parece por vezes tão mais atraente com o seu niilismo, com a sua boca torta para falar de qualquer coisa que não aqueles olhares perdidos em meio ao caos dos desencontros de n.y., estas cidades todas, megalópoles, atoladas de pessoas sem razão, sem caminho, receando, às vezes, o dia em que poderão estar ou não estar neste mundo, que me perdoem os brasileirinhos, os fãs, assim como eu, de chico buarque, aquela maravilha de homem de olhos azuis e letras maravilhosas, caetaninho veloso e seu violão, tocado com o seu nojinho experiente, o maravilhoso e ultra-avant-garde tom zé em seu experimentalismo tropicalista, gil e o proto-reggae brasileiro, maria bethânia e sua poesia dita em voz alta para que todos escutem, vinicius, paulinho, os malditos, arnaldo baptista, macalé, e o caralho, enfim, eu tenho uma dívida de sangue com vocês, que, se esta coisa que não acredito de sangue pátrio estiver por correr em veias, que me perdoem de verdade vocês, mas o negócio do meu peito vai à mil com uma guitarra barulhenta, é como perguntar para deus se ele já leu nietzsche, com o perdão da paródia, senhor fante, mas o negócio é por aí, porque o barulhinho mosquital, mosquitífero, zumbido ao pé do ouvido tem feito um trabalho, no mínimo interessante na insanidade absoluta de meu pobre olhar - olha lá: eu ainda não sei se disse tudo o que tinha para dizer, entretanto, eu desligo o in random, espero a hora bater incerta, e quando for hora, já estaremos lá em baixo novamente discutindo música, por conta do menor zumbido surgido do nada, devo-te muito, brasil, cultura do, mas agora, eu não sei o que em mim habita, talvez coisas de peito cansado de respirar este ar carnavalesco que em nada me agrada, na verdade, este relato é o revival de um rock que ressuscitei apenas para ir de encontro com a tevê desligado em protesto contra estes desfiles satânicos - o bailar ensandecido de mulatas endinheiradas, de gringos podres de ricos, e de pobres iludidos, felizes, apenas, pela oportunidade de descanso de não estarem sendo obrigados a serem o que não são: homens.

eap

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