domingo, 20 de julho de 2014

sobre mais um adeus

como diria bukowski sobre inventar
eu diria que sou o especialista em desinventar as pessoas.
essas pequenas instruções que nos dão
simplesmente não servem para quem não lê
aquele manual do usuário de si mesmo:
repuxe suas páginas, leia as notas de rodapé:
não credite a ninguém coisa alguma.
é o erro crasso, é o erro crasso:
culpa alguma tem quem nunca se disse belo,
entretanto, quem, em sua magnitude,
seria provido de tanta beleza, como anseia
essa tua vida?
a tua cabeça é a prisão sem grades
que criaste em domicílio próprio
para não servir a ninguém.

e se de alguma forma
tudo o que se fareja se desespera,
tenhamos algo além que essas pequenas emoções
e transformemo-las em menores
em pífias
em ridículas
porque é tudo o que se poderia imaginar de ser:

somos nada e ao nada voltamos,
a realidade é o vazio que se sente
mesmo que a completude seja próxima
e tudo o que tu queres te bata na porta
para além da vaidade e da necessidade
com amor.

mas não me mantenho são por desiludido
porque o futuro é sempre algo que se chega de maneira mansa
e eu espero teus dedos, tuas carícias,
teu sentar calado na varanda,
um café, uma vontade de apenas estar e ficar.

solidar-se em ser solitário
é uma arma que o passado me treinou,
mas, querer que estejamos assim dispostos a não nos prover futuro
é uma faca que entra e extirpa minha vontade
de deixar de morrer tanto,

quem você pensa que é
quem eu pensou que sou
quem você pensa que eu sou
e quem eu penso que você é

são as únicas dúvidas que sempre permanecerão.

antes da semente que desaflora agora
eu já não me tinha dado conta de que
dezenas de vezes o meu amor era despido
de qualquer vergonha.

não-abjeto, não objetivo.

e como me cansam as pessoas racionais!
estou farto delas, apesar de que, sou uma delas
aquele por quem a lágrima cai sem querer
e por obrigação.

eu sinto um pouco falta de me coibir de sentir
porém
sou desastrado com minhas mãos, e com elas
eu poderia deixar de segurar as tuas
não sei ainda como
para tatear a próxima, e a próxima,
até o leito
e neste leito:
quem ficará?

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