segunda-feira, 9 de março de 2015

exílio 2 (casa-homem)

casas entediadas recebidas pelas sombras,
assim são as que repente me encontro
quase como que se tivesse me feito um mal
sendo o grande bem – as portas brancas de tinta descascada
como as feridas de meus braços que ainda não cicatrizaram
ouço longe a música 80’s sem muito senso de ridículo
porque na verdade eu gosto de estar amando o feio
e suas conjecturas – desistir das mesmas coisas
e se contorcer sobre a cama enquanto o teto derrama na testa
pedaços de gesso e neva meu sonho
a sombra que caiu pelo clique das luzes apagadas
abafou meu sentimento de abandono e na verdade
era existir pouco e se fazer algo como luz ou nem isso
no espelho do que já se faz distante, longe.
queria derramar menos esse drama em tua boca
para concretizar mais verdades que a fatalidade outrora depreendida
e no escuro do quarto esse drama se reconstrói
pesado, avesso tortuoso – como mover os braços n’água
flutuar sobre a bruma do sal — levo de leve meu jeito
com humor negro ou ridículo — não tenho remédio
espaço tempo que passar
louváveis tuas mãos
meus dedos apertando o travesseiro — semi-agonia
em posição diagonal
transverso — quatro pontos distintos na galaxia
a constelação do hominis canidae semi-morto.
hominis hominis
semi-homem.
sêmen-homem.
o homem semente
o homem sem mente
o homem que mente
o drama desgrama
e copiosa lama — olho no olho fogo.
homem serpente.

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