sábado, 20 de junho de 2015

memória 2

como eu fixasse assim
profundississimamente
em teus cabelos
para avivar a memória
algo assim turvo
algo assim opaco
tomou a memória
das coisas que supunha
findas
sem nem ao menos tê-las
começado,

e penetrando intimamente
em cada pedaço da caverna
onde guardei teus registros
pus-me atordoado pela perda
do que não tinha
porque da segunda vez que te vi
teus cabelos eram outros
teus olhos eram óculos
teu vestido era florido

a memória te reguardou
pelo que não fez
pelo que não é
a fábrica trabalha arduamente
produzindo fumaça
poluindo os dias
com intragável esperança.

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