quarta-feira, 20 de abril de 2011

Amanhã...


...quando eu voltar aqui,
tendo havido festa nesta sala,
hei de ver que nada perdi.
Sinto o cheio ainda do álcool,
o que isto me diz, além de nada?

Se me tiraram de casa,
puxaram pelo braço minha vontade,
desdisseram minhas desculpas,
- Tolices, Zé! curta a vida!
Que a vida é curta!

Boca da garrafa, ecoou o som,
- mas que diabo me contenta?
Só fica a cabeça a ziguezaguear
corredores-quartos são coisa só, tontos,
nas batidas do relógio, a tiquetaquear.

O vômito desce escada abaixo,
sofro o horror de não ter escutado a mim mesmo.
Fico bobo, olhando o teto, cabeça vaga
ideias a esmo invadem a mesma,
quase choro, não fosse a náusea.

O cheiro seco da ressaca precede o fim da festa.
Passos trôpegos invadem a rua,
riem do vento matreiro, moleque brejeiro,
que levanta as saias das meninas.
Eu cheiro a asco puro, penso.

Mas amanhã, quando eu voltar aqui,
tendo havido festa nesta sala,
hei de ver que nada perdi.
Sentirei ainda o cheiro do álcool.
E isto me dizendo que nada diz ou fiz.

(Eu espero)

E,a,p'

0 comentários:

Postar um comentário