domingo, 16 de junho de 2013

jezebel

menina meio tonta, sabe?, veio com uma história de que na vida tudo é questão de se dar - e se deu. se deu pra vida e hoje é coisa mais linda, parece assim a princesa de pedra esculpida à unha. sei que dela pouco lembro, mas sei que uma coisa ficou rente às páginas que trocamos quando nos conhecemos: ela tinha um golezinho de amor, um outro tantinho de loucura, pra qual se dar, nunca soube, só sabia que tinha que ir e foi: trilhar caminho da liberdade.

daí que a vi. reclamou da falta de dentes, da magreza muita, do filho no colo, da paz que flutua, sem nunca poder galgar. o cabelo, ah jezebel, esses teus cabelos puídos da sujeira com que a rua te abraçou -- rafael teria te amado, teria te feito sofrer, inda ia ficar aquela beleza debutante, mas cê nem quis saber. pergunto se se arrepende, ela diz que sim, mas lembro que quando foi embora e me pediu uns trocados pra passagem do ônibus e pros cigarros, ela dizia algo assim como nunca tomei decisão mais sábia. é pena que a sabedoria é uma questão de ser, fugaz demais pra ser certa.

dei mais um trocado, mais que naquela época, ela agradeceu, beijou minha mão e falou algo sobre a minha compaixão, e sorriu sem dentes. esse tempo que não volta, meu deus...

eap

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