quinta-feira, 13 de junho de 2013

Sem Nome nº 41

pode ser que eu saiba
decerto
que falo pouco – um nato
ou inato pessimismo.
será?
algo turvo invade minhas ideias...

mato esse lirismo
como forma de não sonhar
e até de acordar –
me disseram
que ser romântico
não era algo leve de ser levado
era fardo – desses que se levam
à longo prazo,
pela estrada adentro.

meus beijos para todos os que ficam
no porto das ilusões
do que pela casca se desdobra
esses olhos, essas mãos trêmulas de agora,
o olhar fixo,
ainda eles podem esperar,
os dedos ocupados.
são o quê, meu deus,
que nem sei?
nem de ti sei
que etiqueta te incomoda
no passeio matinal,
na noite de farra,
deus,
dá-me de tua essência
apenas a paciência
impossível de um deus que finge não existir,
a parede onisciente,
a parede onírica,
que fala, escuta e cheira.

seja lá que for você,
ponte indecifrável,
que quase sou
determinado
a esquecer
mas lembro
para rir de mim;
pela carne assada,
pela carne,
pela face dada
sem coser
nenhuma talha do vestido
com que me puseste descansado
marionete dos sins e nãos,
tiraste do fel o meu mel
soubeste da garganta meu idílio
para que com lábios finos
seduzir a alma mais tenra
dentre todas as da terra – mas
como ser crocodilo,
a pele escama,
deitado de pé
aguardando qualquer
silêncio mais longo
para saciar a fome
que não cessa.

leve consigo
o romantismo,
que de meus dedos
ainda sei da terra
que debaixo das unhas se rasga
e suja
minha essência benéfica
apenas aos que se recordam
de deitar-se e ficar.

de cima só se vê
a paisagem.
triste olhar
passos vagos
calma entregue.


eap

1 comentários:

nádia c. disse...

aguardando qualquer
silêncio mais longo
para saciar a fome
que não cessa.

negócio viciante esse de te ler
:~~~~

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