sexta-feira, 14 de junho de 2019

escrever-se

a gente brinca com a história
e faz de tudo pra esquecer
mas não adianta:
a todo momento, por baixo da porta,
a poeira entra, e continua a entrar,
mesmo quando a noite é fria demais
e não deixa tua sala-memória descansar.

fecha essa janela
porque, de fato, não adianta,
todo dia o sol entra pela persiana,
em filetes finos,
tão natural,
como quando se nasce, cresce e morre.

você sabe que a história não perdoa,
você sabe que a história não esquece,
e se você quer ficar nela,
olhe o quintal, a grama que cresce,
a árvore que sombreia
e conta seu tempo em cada auréola do seu corpo,
e aprenda, que só quem risca uma página deste livro é quem permeia
sua trajetória junto do povo.