quinta-feira, 3 de novembro de 2016

atual estado das coisas

tudo que escrevo é produto da dor
nunca fiz nada pelo belo belo belo olhar
não escrevo por opção ou por não ter mais o que fazer
na verdade tenho muito o que fazer de minha vida
e todas essas palavras ficam aqui na minha garganta
e por mais que eu queira,
só de escrevê-las, elas já perdem a força,
e escrever é meu modo mais singelo de pedir desculpas
porque eu preciso cuidar da minha vida
e o fardo que carrego de dor parece maior que meu próprio corpo
parece mais pesado do que o que posso aguentar
e eu não aguento
eu sempre torno a escrever todas essas palavras
todas essas coisas
que fazem de mim um ser de carne e osso
e sentimento

às vezes eu esqueço o quanto sou humano
e vivo como entidade
flutuo pelo mundo como uma bola de gás
um espectro que se arrasta pelas sombras
pelos cantos das paredes descascadas
pela vida que eu não escolhi.
eu não escolhi ser triste
eu não escolhi ser fraco
eu não escolhi e não posso julgar que vocês possam rir de mim
ou chorar comigo.

eu descanso meus olhos por esses anos
mas nem sei mais porque ainda insisto em escrever
porque eu não tenho escolha talvez
e deve ser por isso que esses versos se alargam tão feios
sem serem lapidados ou cuidados
simplesmente porque eu não sei como
dizer todas as coisas que eu sinto, nem nunca soube dizer em 5, 10 anos
desde que eu soube que eu podia
que eu devia
escolher não ter escolhas
e não é destino, não me entendam mal
isto que aqui vai
é puramente escolha.

não faço sentido.
desculpem por isso.
quem ler essas palavras hoje, amanhã, ou depois, espero que não as entendam mal.

não é poesia, é só confusão.