Teve esse dia, que sonhei tanto,
que o nordeste depois de sofrer
com preconceitos nada a ver
achou no mundo o seu canto.
Era pai de família e mãe também,
era primo, era prima,
era tio e era tia, avô e avó,
de Cocal de Telha a Santarém.
Todo mundo pedia,
todo mundo gritava
solte a gente, arre égua,
ou a gente se desprega na base da enxada.
Tinha esse tal presidente,
São Paulo, Minas Gerais,
Rio de Janeiro e era tanta gente
dos interiores e capitais,
Que também queriam ver
o Nordeste independente,
mas os motivos desses aí
eram muito diferentes.
O paulista dizia que carregava
O Nordeste nas costas,
Outros diziam
Que era terra de gente preguiçosa.
Mal sabiam eles, que cada prédio
e avenida gigante,
Tinham sangue e suor
Do povo retirante.
Depois veio gente perguntar
Que “se o Nordeste é tão bom
Por que tinha tanta gente
Vindo daí pra cá?”
O motivo eu sei bem,
Mas antes que eu lhe diga a verdade,
possas saber que todo nordestino que tá aí
Do seu cantinho tem muita saudade.
Mas desconfio, cá pra mim,
Que o sudelista não saiba ou ignore nossa saga,
Pois que o motivo de o Nordeste ser assim,
É porque historicamente, nossa riqueza foi explorada.
Inclusive, caso você não saiba, direi:
Que quem sustentou toda a massa
Foi da cana, a bagaça,
Pra fazer mais doce o açúcar do rei.
Mas não tem problema,
tá tudo nos livros de história,
Tudo isso que lhe digo, eu estudei,
e carrego comigo
Pra dizer pra você nesses versos de agora.
Tinha gente que não concordava,
Nem todo mundo era abestado,
Porque mesmo num lugar tão sofrido
Há de se separar o joio do trigo,
Pra reconhecer o povo aguerrido
Que vivia no seu estado.
E esse pessoal quando viu o nordestino gigante
Gritar por independência e alforria,
Se juntou no mesmo grito num instante,
E disparou em direção ao que esse povo defendia.
E foi um levante popular,
Nenhum governante, coronel,
Padre, budegueiro, vereador,
Deputado ou advogado de anel
Teve parte no clamor.
O presidente,
Era essa figura estranha
Que carregava o seu vocabulário
Numa bolsa de colostomia
Para que não perdesse a oportunidade
De descarregar a sua eugenia
Numa mediocridade tamanha.
Era casado com uma cearense,
O que não queria dizer nada,
Uma vez quase nega ajuda
ao Estado da esposa
E quando mandou ainda passou na cara
“Faz forte oposição a nós”, ele disse,
De Camilo Santana, uma figura tão insossa, incolor e
inodora,
Que seria incapaz de ser contra a picada de uma muriçoca,
Avalie de uma figura tão tacanha.
E seguiram-se anos assim,
Nesse morde e assopra,
Até que o povo um dia se cansou
E diante dos mandos e desmandos
Do Presidente-Bolsa-de-cocô,
Resolveram pôr as mãos na obra.
Mandaram Exército, Forças-Armadas,
Marinha, Força Nacional
E até a Aeronáutica.
Mas ninguém arredou o pé,
O povo ficou gritando lá,
Os políticos eleitos
E até os mais direitos,
Que não sabiam o que fazer,
Resolveram se juntar e protestar.
E o povo sudelista, vendo aquela situação
Foram pra rua pelo motivo errado
Queriam eles se livrar dos 9 estados
E construir uma nova nação.
O presidente então, todo cagado,
Resolveu pegar a sua caneta bic,
O bandeijão deixou de lado,
E assinou o atestado:
“Eu declaro,
Como presidente do Brasil
A independência dos Nordestinos,
Esse povo comunista e socialista,
Com influência clara da doutrina feminista,
E Que vocês vão pra puta que os pariu!”
Sob vaias e aplausos
O presidente sancionou
Que o nordeste era independente
E nenhum sangue se derramou.
Muita gente veio pra cá,
Ajudar a fazer história,
Muita gente foi pra lá também,
Esses eu quero é distância da minha memória.
Mas o que importa é que teve um carnaval
Foram 4 dias de festa,
Em cada estado
e em toda capital.
Claro que o começo não foi fácil,
Isso temos que admitir,
Empresas foram embora
Não puderam suportar
A soberania de um governo popular
Longe das asas do Jair.
Mas o Nordeste era grande, era forte,
Cheio de recursos naturais,
Pois você veja que o sol virou energia elétrica
Deixando a era da escuridão para trás.
Ainda, na orla do nosso litoral,
Era tanto vento,
Que a ideia da ex-presidenta de estocá-lo,
que na época entenderam mal,
Virou energia eólica, muito limpa
E com o devido cuidado ambiental.
O índio também foi respeitado:
Ameaçaram cortar os colhão
De empresário malandro
Que desse uma de ladrão
Invadindo território demarcado.
Disseram os donos do poder popular que
“quem quiser infringir lei ambiental,
Aqui não é lugar,
Basta atravessar a fronteira,
Se tornar cidadão brasileiro,
Que você poderá desmatar”.
Diante dessas medidas,
A Europa abriu relação com o Nordeste,
Já com presidente, hino e bandeira
O mundo estava vendo o pleno desenvolvimento
De um povo que não tinha fronteira.
A música era ímpar em cada lugar:
mangue beat, heavy metal, hard core
forró, axé, pagode, samba,
todos conviviam como música popular.
Era um sonho tremendo,
Era um sonho gigante,
Infelizmente acordei,
Mais triste do que antes.
O Brasil de agora despreza sua história,
Pois se soubessem de verdade das respostas
Jamais sustentariam essa história
De carregar o Nordeste nas costas.
Então, seja URSAL ou URSENE,
Do Brasil, o Nordeste está de fora,
Vou ficar com a minha utopia
Até que eles recuperem sua memória.