Frusciante (1992-1997) |
Tem mais é que se acabar
Toda forma de esperança
Toda forma de pujança
Tem mais é que fenecer
No feno do dia a dia
Que rola e desenrola
Tem mais é que esmorecer
Nos muros que miram
Que mio, que mil de miró
Tem mais é que des-ser
E botar pra descer
Toda destra forma e desforma
E tem que não ter
Porque eu nasci pra morrer
E não nasci pra semente
Porque eu nasci pra sofrer
Sofrer e morrer que nem gente
Mas se não for pra merecer
Que seja eterno e sem hora
Pra gente ficar mais um pouco
Porque eu não quero ir embora
Tem mais é que falecer
Quem vive da vida dos outros
Tem mais é que merecer
Um palmo de terra um palmo no outro
Porque não dá mais pra se dar
Sem senso sem sentido
Sem cheiro sem paladar
Sem boca de desvalido
Tem tudo pra me oferecer
Mas me nega e eu morro de fome
Eu fico tão triste e disforme
Que ano que vem talvez
eu não te devore
Mas vão te devorar por mim
Vão te abocanhar por mim
Vão te rasgar enfim
Porque o que você tem
Nem tendo dá pra ter
E dividir você não quer
Então Se tiver de tomar
Eu tomo, eu degluto, eu engulo
Eu cuspo e sou chulo
Eu sou triste e tô raivoso
Me comprimem e eu não aguento
Não podem chamar as margens
Do rio de violento
Você tem que desistir
Porque eu sou bomba relógio
E quando eu explodir
Você vai desexistir
Porque já passou da hora
Dessa brincadeira acabar.