domingo, 30 de junho de 2013

beber-te



eu quero te beber
beber tua cor --
âmbar.

queria te dizer isso
ao pé d'ouvido,
queria te desejar
como se merece --
saltas fora
de minhas possibilidades...
de todo
esse meu desejo (apenas)
tua dificuldade --
não negue.

(não apenas pelos dedos
não apenas pela voz,
esse tom desencontrado
pela madrugada)

eu queria beber
tuas lágrimas.
teu suspiro cheio
teu fôlego vazio
teus silêncios
o riso
que por acaso
eu tome numa noite dessas
que por acaso
em que eu te beba inteira
que por acaso
a gente se saiba
em meio a ignorância

sacra ignorância,
que eu queria beber,
essa que se repudia
mesmo santa.

tuas lágrimas,
tua cor,
em meio ao néctar de nada
que sorvo invisível
da flor.

esta, declaração sussurrada,
escondida,
supõe-se na entrelinha
supõe-se no carinho
com que não te bebo
não posso
e te conservo
no fundo do copo.

eap

3 comentários:

Priscilla Way disse...

"e te conservo
no fundo do copo." :::::::: nescau!

nádia c. disse...

mais 637 doses desse poema.

nádia c. disse...

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