domingo, 24 de novembro de 2013

das feridas

não se sabe ao certo
o tempo que as feridas têm de sanar.

[se o corpo tem em demasia açúcar,
diz-se de um diabético,
ficará por bom tempo,
talvez a doçura dos corpos,
a sacarina em excesso que polui
e entope as vias do raciocínio
mas ainda bombeia sangue o coração.]

sabe-se apenas sangram,
sabe-se que inflamam,
que o pus escorre por sobre,
até finalmente a casca.

não é que a ferida tenha sanado --
arranca-lhe a casca, e sangrará,
mas verás, no íntimo, que já não dói
conquanto era ferida fresca --
a pele esbranquiçada já surge por detrás.

depois da ferida, que é que resta,
senão a cicatriz?
algumas feias,
algumas pequenas,
algumas que esquecemos ter.

tem delas que simplesmente
somem.

eap

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