quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

sem título 121

tem esse silêncio
cercado de barulho
no caminho pra casa.

eu o abraço
e me aconchego
e vejo a dança dos fios dos postes
feliz, como uma criança
que descobre a física
das coisas não ditas.

tem essa aura suja
que carregam as capitais:
é peso demais
pra se carregar
numa única chuva
que cumpre seu papel
de lavar nossa sujeira
e escorrer
uma lama
que só se desloca de rua a rua
como este ônibus
que me leva
do ponto a
ao ponto b
sem demora
e como sujeira,
eu vou embora.

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