sábado, 6 de setembro de 2014

câncer ascendente em áries

é a voz que grita e chora, arrependida pelo grito
raivosa pelo choro - eu sempre em coro,
espectros lamaçais - e eu reinicio, um verso,
um nexo, uma lógica encharcada de sentimento.

se te gritar autoritário, é pra vir aqui, mas não por ódio
ou por amor, apenas pra que no abraço
eu possa resfriar minha carne queimando
queimando em febre - quão grande é minha mínima

sou de forte centro ao norte, quem sou eu? nunca sei.
metamorfoseio-me de mil formas que eu saiba
de calado a expansão de estrelas,
enquanto dentro fica-se assim um dito pelo não dito.

leva-me a vontade de ir, de ficar, de construir, de destruir,
de ser, de não ser, de rir, de chorar, de brigar, de fugir,
de partir, de voltar -- tristeza alegre, alegria triste,
yin e yang, da vida que eu olho, como tantos, como eu.

doce amargura, doce doce doce, porém, o passado chumba
minhas pernas para ficar, enquanto algo em mim
agarra com os braços o futuro -- se eu fumo
é porque a vida permite ou sou eu quem permito a vida?

câncer de água, sentimento, família, passado, proteção,
áries de fogo, impulso, eu, futuro, destruição e construção.
não sei hoje se esquento esta água, para queimar tua pele,
ou se apago o fogo, para nas cinzas me alimentar.

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