domingo, 7 de setembro de 2014

peregrinas

destes dias que passaram percebo
que os anos correm de maneira lenta e igual.

não consigo mais obter os espaços desejados
pelas minhas mãos, mas, ai, não sejamos tão mortos.

tínhamos tantos planos pela frente: isso de ganhar a europa,
de ao menos uma vez usar ópio, peiote -- arreganhar
todas as portas que nunca abrimos -- ainda.

mas não os deixemos morrer -- como eu, a vida inteira, de vocês,
demos as mãos um ao outro -- uma garrafa em cada,
quem vir teu segredo desabrochado, pelo amor de deus:
não conta, seja surpresa.

não sede evidente, não sede.
na cachoeira que se externa, que se expele,
queima num gêiser tua carne, apenas para saber de nós
quem vai vivo, quem vai morto.

decrépitos de dicionários pagãos,
cada palavra dita, se transformada, vira ouro, vira outro.

minha mão não solta nada que não se queira estar
e destes meus sonhos, todos tão pueris, construídos
quando a efervescência da vida era monótona,
por que alimentar teus filhos que nunca virão à luz?

a palma da mão, a planta do pé, o olho distante,
quem poderia supor, dude: meretrizes todas nós, de corpo e mente,
mas não sobrepujaremos essa vontade pelas outras.

escalar pelo monte precipício -- descer ou subir ou qualquer coisa.
quem me souber dessas palavras, ah, só faça o favor,
de mudar meu nome quando voltar e nunca mais me reconhecer.

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