quinta-feira, 28 de maio de 2015

laços de sangue

minha mente tem corrompido o tempo
as melhores influências do armistício 
onde fiz o escudo, brasão
de minhas linhagens mais antigas,
sem, contudo, sentir-me compelido
em deixar de odiá-los, pelo que são
pelo que sou e serei --

antes que seja digno, sede rude,
antes de ser rude, sede lúgubre,
vil, mas, acima de tudo,
detenha em seu tempo a influência paterna
deixando assim expor, que amanhã,
quando a terra, por fim,
enterrar seu mais findo ancestral,
renasça por força o orgulho herdado
os restos de nada,

mas me lembre: do sangue neerlandês,
misturado ao sangue ibérico, o tupi, o escravo,
sede o que é -- e o que sou?

apenas queria perecer de nenhuma influência
do que faz odiável o pesar do banzo
por todas as coisas que dão saudade
de tudo o que se viu e viveu -- 
ou o que se suponha possível.

deixai assim, que meu sangue se dissipe do vosso sangue
que minhas digitais, porventura, porosas,
se esmaeçam pelo uso contínuo do cloro,
e que meu ouro ou orgulho seja a busca desarraigada
de outro eu, outras faces, outros deuses,
outra coisa que não seja o passado
que sou obrigado a endemoninhar e santificar

quem falou em escolha própria, não teve sã ascendencia
ou sequer provou do gosto acre das saudades que não saciam

mesmo que eu assim fosse castigado a viver 100 anos
de perpétuo ódio, atravessando quaisquer mundos
e sonhos.

deixai também que meu ódio tome tento,
que vire raiva, que vire mágoa, que vire amálgama,
que seja memória, e que, no fim, seja nada.

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