sábado, 9 de maio de 2015

tudonada

todos os dias eu acordo com a sensação
de ter perdido o encontro ou a perca da perdição
que eu nunca tive de estar com nada
e de em tudo ter que tudo exagerar para ser simples
mas no final das contas o saldo é zero vezes zero
e o infinito é pouco pro que se defronta em meus bolsos
mas o perdido é achado e o infeliz é que apesar de tudo
ainda continuo extasiado por estar preso na liberdade
que me foi praguejada, castigo com flor e beijo
que eu não precisei dar, mas também não neguei
apesar da boca que me disse beija não ter língua
e por não ter língua não ter voz, e por não ter voz
o silêncio ter dito tanto em tão pouco tempo --
o infinito é pouco pro nada, o nada é tudo,
ausência de tudo é nada, noves fora, qualquer coisa
e a matemática é ciência exata às inexatidões de fatos
que são inventados para nos aprisionar naquela escolha
que era liberdade -- meus braços são os seus,
mas você não usaria para me abraçar
porque eu não me abraço e portanto, eu não te abraço,
minhas pernas são as tuas, e se eu não caminho pra frente,
para trás também não vai, e na minha cabeça você atolou
e deixou inerte os sentidos em movimento,
se eu não vou até você, minhas pernas sendo tuas,
como poderei me encontrar se foi em ti que me refiz,
e pra que lutar se a conta a se pagar não tem preço,
e não há paz nessa guerra que só precisou de paz pra se ser,
o resto é inteiro e é indivisível, infragmentável.
só precisava de uma palavra pra descrever a história do universo:
esse tudonada que nos fundiu pelo resto da história.

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