terça-feira, 19 de setembro de 2017

Αμαζόνες - parte I



então houve essa guerra que ninguém sabe como se deu. milhares morreram, milhares. e depois só houve uma vasta imensidão de deserto radioativo onde nem mesmo uma barata sobreviveria um minuto sem se transformar em ser anômalo.
foi assim que começou. as mulheres estavam, a maioria em suas casas, e as crianças também, assim como os idosos, e, quando a bomba atômica explodiu tudo o que restou foi isso.

maridos, namorados, homens vis, homens honrados, homens que poderiam ser o futuro da ciência pereceram em meio ao campo de batalha lutando uma guerra que não era nem deles nem de ninguém. de que adiantava, então, o campo de batalha se tudo se resumia àquilo?

pois assim foi. a américa do norte recebeu o seu primeiro ataque, que devastou cerca de 40% de sua região total, assim como boa parte da ásia, onde todas as coreias acabaram por se tornar a outra ponta de um deserto radioativo, enquanto isso, as américas, a europa e a oceania viram perecer boa parte de seus homens e soldados. e pela terceira vez eles ouviram que essa seria a "guerra que acabaria com todas as guerras"

a bela mentira que sempre nos contam.

por conta dessa única guerra a população masculina do mundo decaiu em mais de 80% e a maior parte dos que restaram eram pessoas que simplesmente não poderiam estar nos campos de batalha. e mesmo quem não estava, acabou por sofrer alguma consequência nos anos seguintes, com mortes misteriosas, assassinatos à sangue frio e o século xxi foi marcado pela quase que total extinção dos homens.

por essa razão é que mulheres resolveram tomar o mundo em suas mãos e transformar a guerra num ponto de partida.

homens não voltam para suas casas e nas mãos de suas esposas elas ficaram - e assim como as casas eram tomadas, todos os outros locais do mundo tinham mulheres que subiam ao poder - e as que não subiam por bem, subiam à força, pois, as consequências de um mundo que fora tomado por homens pelas mãos era o fim iminente de tudo o que existia.

houveram homens que tentaram tomar as mulheres de seus postos e muito mais sangue foi derramado. sobraram facas, sobraram armas, sobraram balas, sobrou, principalmente o ódio pela guerra e o ódio por anos e anos de discriminação. por isso, na rua, um homem tentava abordar uma mulher, tomar seus pertences, sua vida, seu corpo, rapidamente, através de uma união nunca antes demonstrada por homens que estavam no poder, ele era erradicado como verme, pisado e, em alguns anos, seria questão de tempo divertir-se com ele correndo pelo deserto radioativo até explodir em mil cânceres que manchavam a areia de pus, sangue e vísceras.

elas estavam cientes daquilo.

por isso, grandes nomes foram afastados, assim como outros foram coagidos a abrir mão de tudo o que os faziam poderosos - e o poder era fácil de se tomar. se nós soubéssemos o quanto era fácil antes, teríamos feito. mas havia sempre uma rixa menor a ser discutida, uma questão de honra a ser levada, trabalhos a serem levados de 8 às 18 - não que elas não tivessem também esse acesso, mas, você sabe, o século xxi, o século dos homens que achavam que podiam ter o mundo nas mãos.