sexta-feira, 31 de maio de 2024

mar de musgo

rascunho velhos versos
em busca de coisas perdidas
como se garranchos mal-acabados
pudessem me dizer mais
que meu mapa astral

e conforme lembro
deflagro guerra contra mim
na vontade de sentir novamente
sentimentos antigos
sem pestanejar

navego sem norte
pelo mar de musgo
que revolve minhas braçadas,
pesadas braçadas,
que me prendem no mesmo lugar

uma guerra vã contra a memória
recheada de culpa
recheada de mágoa
e alimenta os dias mais solitários
sem cansar, ressaca escura.

refazer a trilha, bússola retida
incansavelmente perdida
parte do momento que errei
e deixei para trás
tudo o que tinha certo
ao sul de lugar algum.

mas quais correntes são verdadeiras
quais são inventadas 
pela ilusão da terra firme
essas memórias lancinaram
meus ossos e órgãos
com a gravidade
de 1 tonelada de mágoas

uma sereia surrada lembra:
"quem bate não lembra
só quem apanha",
pois olhai para mim
que bati e lembro
de cada segundo!

queria não querer esquecer
tudo isso que senti
faz parte de mim
parte de você
e aprofunda pelas braçadas
de chegar à terra firme
tão perto
e tão longe.

morrer de sede na água salobra
livre na imensidão
preso pelo peso
de dias intranquilos.

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