domingo, 13 de outubro de 2013

39

para: mãe, que não sabe,
mas os versos de antes, de agora
e os de depois são meio seus. 

hoje você dorme com o cheiro da lua. não acho que seja em vão que teu aniversário seja assim no dia das crianças; eu sempre pareci muito mais velho e ranzinza que você, você mesma me pedia conselhos, no alto de minhas faculdades mentais -- ainda hoje pergunta qual melhor roupa, melhor cor, se está bonita. se está bonita?, ora, você é a mulher mais bonita do mundo, a mulher na qual, segundo freud, foi buscar enlaces de traços seus, de destroços seus, mais que eu tenha negado, ou tente negar, tem algo de ideal no teu jeito -- mesmo que vez por outra os astros me digam que cê me deixaria um pouco irritadiço, e deixa, é algo assim que há na perfeição. mas não seja assim, seja mais, se é possível; do teu lado desde sempre, embora já tenha dito dos arrependimentos de existir, hoje me arrependo, acredite. em dias que sim, tem dias que não. mas sinto saudades suas, dos abraços que nunca demos, e que hoje recobro, exagerado, toda aquela gana de te encher de beijos, seja que dia, que hora for, fumarmos juntos, sem temer hoje, conversar, rir, saber desses teus novos amores, desses que sabem que é fácil cair de encantos pelo teu jeito, difícil é te ter, escorregadia (culpa minha). não direi, não direi nada, mas se era difícil dizer antes, agora soa fácil, esse afeto, amoleço-te, cê sabe disso, mas quero-te firme, porque a vida é dura contigo, conosco, mas a gente sabe como driblar ela nos sábados à noite, rindo dessa vida besta que a gente teima em levar. viva mais, muito mais. hoje cê dorme com o cheiro da lua, mas cê sempre me acolheu a noite como tal. cê é a própria lua.

eap

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