domingo, 13 de outubro de 2013

visões (i, ii e iii)

Arnold Schönberg, The Red Gaze, 1910
(Städtische Galerie im Lenbachhaus, Munich).


i

ver que não há
ver que não é
ver que é vão
ver que é tão
ver que se vê
(rear-view mirror)
no que não ter
de todas as vozes
deixadas -- atrozes --
atores, astros,
marte, eros, vênus,
procura, sem fixo
procura sem ter tido
razão,
procura sentido.

ii

ver que se é
sempre se der

e dar-se um pouco mais
ou um pouco menos
aos menores (baixos
baixios, bastardos
cuspidos)
maiores e mais bonitos
sentimentos do mundo.

iii

ver que não sei
ver que não sou
ver que não hei-de
ver que não posso
ver que sou poço
de saudades
de tudo no mundo.
mas nada me impede
de seguir.

de ser
de ir.

seja lá
o que/
pra onde
f(l)or.

eap

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