sábado, 11 de janeiro de 2014

copo dágua

me dê um copo dágua
me deixa nele afogar
fazer tempestade,
ressecar,
ser nele conservado
profundo, transparente
aquário - melhor ao sabiá
que na borda dele
tende a beber, e mordiscar
meu corpo inerte e inchado,
donde outras moscas
se puseram a morder
meus braços e pernas -
verdade que deixei,
até certo ponto dava razão
ao verme que dos buracos 
feitos e criados
entrava e saia.
semana que vem, o cheiro perturba
como fosse rato morto
na calçada.
daqui um mês, no mesmo copo
que outrora padecera meu corpo
ela mata a sede e engole.

eap

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