domingo, 13 de julho de 2014

como uma luva

guardo teu amor silencioso de vingança
nos momentos em que sinto a necessidade
como o melhor e maior e melhor do mundo
e é um absurdo
que dele eu tenha me desfeito
mas talvez por isso sou tão capaz
de achar, que foste assim a melhor que já houve

e não, eu não consigo acreditar
que tinha assim uma silenciada vitória
e na derrota, ainda, saber-me sacro campeão

não sei de quê
não sei porquê
não sei dizer, talvez:

o fato de que nessa vida
tudo tem passado indiferente,
e minha vida era mais vida
mesmo quando estavas ausente

me faz
o romântico à capela
à palo seco
à voz rouca
te viciar em meus vícios
te submeter à minha submissão
de amante, amigo e guardião,

mas sobretudo, o amor das ruas
que a gente conquistou
silenciosamente
enquanto tiravas a roupa
e me chamava para dormir
e nunca dormíamos,

num sonho a gente se encontrava
para se dizer feitos um para o outro
mas ninguém é feito para ninguém,
como as luvas se desgastam por seu uso
e eu tive minhas mãos calejadas por ti.

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