terça-feira, 10 de março de 2015

a cena muda

como esperar o desespero
sem nele depositar uma gota
de drama?

em tudo o que se debruçar
inda restará a pacata sagacidade
de alimentar
as cenas
e os entreatos

por que detrás das cortinas
quando sai a estrela
entra o ser humano,
que usa vestes normais --
carne e ferida aberta
osso e desaforo
palavra e não-texto

como é a vida
fora do holofote
dentro das paredes
dos bolsos,
dos fones.

onde escondemos os vícios
quando não tem ninguém para impressionar

será que detrás de nós inda há
parcela ou múltiplo ou divisor
que nos tente a segurar esse fio de hombridade

se o mundo se depara com o teu ato final
e a vida, já se sabe, é imitação da arte,
acaba o espetáculo

mil rosas em teu teatro.

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