quarta-feira, 15 de abril de 2015

evolucionar-se

de tanto procurar o sensato
o sensível se perde e dá lugar
ao sem tato, o homem sem olhos
o homem sem senso,
o homem sem sono,

que é admirável pelo que se admira:
racionalizar a pedra imóvel
o prédio de linhas retas
a curva que se faz na folha

o intrínseco analítico,
fábula contada há mil anos
era de que o homem seria senhor
de si mesmo

mas as páginas que se mostram agora
confundem as vistas de quem proclamou
essa independência

pois que é escravidão do que se há-de ser
perfeito.

como que deuses fossem assim perfeitos?
escravos do vício de se viciar
no medo de se ter medo,
na cova de se ter que cavar uma,
mortalidade absoluta de ser mortal,

a sensibilidade morre para que nasça o homem-parafuso
o homem-engrenagem, o homem-hermético.

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