onde está a poesia?
um dia a tive
no peito,
hoje, só a tenho
nos livros.
um dia a tive nos momentos
mais singulares
hoje não a encontro
em lugar nenhum.
um dia a fiz,
outro dia,
apaguei.
outro dia tentei,
no mesmo dia,
fracassei.
onde está a poesia
que estava aqui?
já me perguntei,
já saí nas ruas a procurar,
perguntei aos meus amigos,
se em alguma rima
ela poderia estar.
mas não mais a encontrei,
a poesia está morta
em seu lugar, perto
de mim, putrefata;
hoje, tenho
contas
em seu lugar
tenho tudo
o que sempre quis
longe.
mas, se ainda há, não sei
mas se há, não a sinto ou tenho.
se ela não está
como podem existir
os versos de agora?
a poesia não pode morrer
sem que uma única vez
tenha vivido.
assim, como é,
tema de metapoema
a poesia é apenas
a junção de palavras
sem forma
sobre a forma
e a forma
- não se escrevem manuais de poesia
ela nasce
feita
sem escolha -
tudo o que ela era,
foi,
ou será,
acaba de ir embora.
eu não a matei,
tampouco a dei à luz,
ela simplesmente
criou vida,
tem RG e CPF
Título de Eleitor
CNH - a qual pegou a estrada
e deixou a porta aberta
e um ninho
vazio
mas se a poesia realmente existe
ela está escondida
mas ocupada
em rugas
concreto
num rosto sério
que nem se esperança
nem se desespera.
a poesia, meus amigos,
quando vem
não espera,
e é por isso que eu deixo
a porta sempre aberta
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