quarta-feira, 5 de junho de 2024

um cigarro, outro

um cigarro no outro cigarro
e a vida já não é mais a mesma.
passaram-se alguns anos
e cresceu o muco e o pigarro
a voz retumba e falha, 
tic tac, chama acesa.

a voz, dois semitons abaixo,
torna toda música lúgubre:
retumba tristonho o barítono
como se cantadas para marcha fúnebre

o violão afinado em ré,
ressoa notas menores
tem graça esse peso até
que adorna em verso o som.
drone repetitivo e monótono
sempre desafinado, fora do tom.

um cigarro, mais um
madrugada empestada de fumo
um ídolo morto agoura
enquanto vagueio insone pela casa
 o rosto remendado, taciturno.

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