corre ao encontro do fim
todo o relato, já cheio de si.
Mas o escritor já não aguenta,
já não faz mais um poema,
já não enxerga beleza -
bala, faca, corda, tiro de canhão,
soluções diretas
para a mesma inquietação.
Seu pulso treme, convulso,
da vontade de tentar:
Há tristeza, dor, desespero, verdade,
a crueldade
com que lhe movem os sentimentos
que não lhe correspondem
nas linhas que se seguem.
Lágrima derramada, mancha a tinta,
o sangue pinga, insistente - o borrão de tinta
é o sangue do poeta: a linha estragada,
o verso não feito, a inspiração fugaz,
que voa, quão rápido ele pensou:
São as feridas que chagam
a pele cinzenta do artista.
Observa o tenso presente,
lhe tremem as paredes,
móveis lhe dizem coisas,
ciciam ao vento a palavra,
a casa se move e dilata,
vai-se o primeiro verso
e enfim o nó desata.
E,a,p'
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