domingo, 8 de maio de 2011

O Trajeto da Criação



corre ao encontro do fim


todo o relato, já cheio de si.


Mas o escritor já não aguenta,


já não faz mais um poema,


já não enxerga beleza -


bala, faca, corda, tiro de canhão,


soluções diretas


para a mesma inquietação.





Seu pulso treme, convulso,


da vontade de tentar:


Há tristeza, dor, desespero, verdade,


a crueldade


com que lhe movem os sentimentos


que não lhe correspondem


nas linhas que se seguem.





Lágrima derramada, mancha a tinta,


o sangue pinga, insistente - o borrão de tinta


é o sangue do poeta: a linha estragada,


o verso não feito, a inspiração fugaz,


que voa, quão rápido ele pensou:


São as feridas que chagam


a pele cinzenta do artista.





Observa o tenso presente,


lhe tremem as paredes,


móveis lhe dizem coisas,


ciciam ao vento a palavra,


a casa se move e dilata,


vai-se o primeiro verso


e enfim o nó desata.





E,a,p'

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