sábado, 11 de agosto de 2012

fez-se mar, como dizia marcelo


era de cansaço que era feito o momento – alguém falava’lgo, tinha certeza que sim. cabeceava de sono, só me mantinha acordado a obrigação desobrigada de esquentá-la daquele frio crepuscular de beira-mar. ao longe um zé povinho gritava, cantava, apascentava-se em mim, porém, tranquila e calma, uma morredoura vontade de silenciar – eu precisava falar, mas... o nascer do sol falava mais alto, o vento, o cansaço; longe eu vi seus primeiríssimos raios. ela se refestelava em mim, calor nenhum quase, que me resfriava todo – se desfazia em moleza de cansaço, fazia-se mar, espraiando-se por sobre a areia. por trás das nuvens vinha ele, forte, nem tanto, mas, cansado também. os tais olhos observavam tudo, eu os observava. sei só que suas pernas esticavam doloridas, a fim de afundar os pés na areia macia e fria (suas ondas e marés) – dirá alguém que isso é natural, mas eu não posso esquecer. eu não consigo esquecer.

eap

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