sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

carta nunca enviada

22/08/2013

para jf.

tua ausência eu entendi
à tua tristeza fui órfão - 
mas sempre soube que doía
como dói o amor exausto.

eu sou o futuro da tua dor presente num déjà vu desses indesejáveis. 
a cruz é a mesma? 
a dor é por si só uma e tudo é dor, aqui, lá, aí, sua, minha nossa, sei das dores do mundo, não sei da cura, mas sei dizer manso que como toda ela vem, vai, como nosso destino: a gente corre pra chegar e foge para não ir.
ah minha querida, rua acima desce rego abaixo toda lágrima... somos vis e vislumbramos belezas intensas. sabes das madrugadas, sei das noites de riso e sofrimento. 
poupo palavras, não poupo amor. 
sei que por aí te corre um medo mas é na fraqueza que o músculo se transforma; esse músculo invisível do coração; sei também que a repetição é o mundo dando voltas - entretanto o retorno é conhecido, passarás como tudo passa, e saberá que o espinho que te feriu o pé não estará lá novamente, faz-se parte da tua carne (conquanto não pares), profundississimamente nela se entranhou.
sei que isso é um grito surdo, palavras rabiscadas (também eu apanhei na cara, sofri das dores e inchaços da face, do dente quebrado e das raízes expostas - fiz delas um canal), mas amanhã também o sol nasce e renasce. essa metáfora da vida.
portanto nessa noite, liga tuas torneiras, inunda tua casa, rega teu jardim, vem de volta quando quiseres, vem correndo ao meu abraço, que isso tudo ainda não é nada.

eap

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