segunda-feira, 5 de novembro de 2018

poema rápido para as paranoias recentes

dia e noite a gente se fala
é engraçado pensar
que parece que a gente se conhece
quando tem tanto por dentro
que ainda me faz duvidar
quando bate aquela paranoia tal hora
da madrugada
quando você dorme
e eu fico acordado, fitando o teto,
pensando em fumaças
e onde é que eu comecei a te perder.
mas eu não te perco
a gente se acha
mas eu não quero me achar
ficar todo pomposo, cheio de mim.
eu gosto dessa humildade quase servil
que eu te ofereço
de nunca ser bom o suficiente
porque nunca sou
porque nunca serei
porque sou homem
e isso é tudo o que posso ser.
eu te entendo, eu penso que te conheço,
mas sei o que há agora
o que vem depois é bom saber na hora
em que a gente ri
só quando os dedos acariciam o pescoço
e cê se retorce com um sorriso e uma gargalhada.
nesses instantes, até o meu sopro
te faz rir
e quando cê ri
eu deixo fluir um rio inteiro de felicidade
que fica aqui dentro
esperando qualquer lágrima ou saliva
pra se encher
e voltar a preencher versos
quando na verdade eu só penso mesmo
é em pegar um ônibus e um táxi
descer na tua porta
dar boa noite ao porteiro,
desembocar minha mochila no canto da parede
e dormir agarrado ao teu braço
de calça, descalço
sem medo do tempo
sem pensar em nada
só naquele momento
em que a gente se esquenta
mesmo que não precise
nesse calor das noites de fortaleza.

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