que mordaças são essas
que me aquecem a boca
encharcada de sangues
de outras eras?
que mão é essa
que estrangula minha garganta
com unhas negras
e força meu silêncio?
quem são esses fantasmas
que me perseguem
silenciosamente
pelas sombras da cidade?
de quem é esse grito
que abafa o som
de tantas vozes --
seriam eles, meus algozes?
que bala é essa,
que não é perdida,
uma vez que meu corpo
está caído na esquina?
eu continuo ouvindo passos
na calada da noite
marchando uniformemente
todos em direção ao abismo.
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