com a nuvem que passa
e não tenta, nem disfarça
que finda-a: abre as portas
à doce melancolia.
É então que vem a ventania
e não reclama da caça
essa coisa miúda e esparsa
que entrelinhas se consome
até o fim do dia
e cheia de dor, segura-se a que se fia,
e então, pobre bicho que arregaça
tinta da caneta do poeta em desgraça
sobre o despojo do sangue
é filho da arte - coisa vadia!
sem pai, nem mãe - parecesse pia,
não fosse seu adorno que se espaça
se envaidece e extravasa
as linhas a que se prende
e me pergunto somente:
que é de ti poesia?
eap
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