domingo, 9 de fevereiro de 2014

ensaio sobre libra

meu amor é racional - não posso doar-me sem doação. cada poro venusiano imposto na frigidez da racionalidade tende a fazer-me total entrega a prazeres que subjazem a cara, que apenas logra a vida entregue em cheiros e gostos. falava-te dos poros, dos meus meneios de cabeça, as mãos insatisfeita com a falta de perfeição duma hora negada - lembro do amor como ele o é, entretanto entre razão pela porta da frente, máscula, sou apenas a versão livre de um amante veneziano. cobro nada que se cobre e na guerra faço-me juiz, mediador, embora acredite que a verdade seja necessária. equilibra-te, milimetricamente somos obrigados a comparar-nos, mas, ora, quando olho em derredor, qualquer cor mais forte arrefece os olhos, cansa, desgasta - e no final das contas perco minha calma inata de ser ativo na arte de amar em demasiada constância lisérgica - all you need is love, disse um digno representante, mas olhai pelos olhos dele, meus olhos também: não existe no mundo equilíbrio possível, exagero sem comedimento. alegro-me com a ideia do caos como obra divina.
eap

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