quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Um Silêncio Ecoa

Gatinha de rua. Bica Lisboa
Fotógrafo: Rui P.
A rua tem estado um pouco mais deserta
talvez pelo movimento escasso de certos senhores
e o mais provável é que não nos lembremos,
no dia seguinte, da falta que esta tranquilidade faz

tanto nos comprazemos de sua inquietude rotineira...
gargalhadas bigodudas e embriagadas...
balidos, e qualquer outra variação
que me atrapalham o som da tevê no domingo.

Um filete de sangue deveria ter lavado,
desde um canto da calçada à outra ponta.
Passaria por minha casa, daí então eu lavaria minhas mãos
para tudo, para todos...

Quando de um dia eu tiver deixado este sentimentalismo tolo
eu talvez vá chegar a ser tão vivo quanto o asfalto quente
que dia após dia, alguns senhores têm beijado.

Eu recolho a cabeça entre os travesseiros
procuro sossego em meu sono --
eu preciso tanto dormir, não apenas fechar os olhos.
Amanhã será um novo dia de inquietações, 
e eu preciso estar vivo.

E,a,p'

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