cacá, esse cara, eu sabia que não devia
beber -- desde os 16 o conheço. vi-o bêbado pela primeira vez, foi parar no hospital e a mãe dele culpou toda a rua debaixo.
aí todo mundo se afastou dele.
mas entrou de
cabeça numa lambuja e se entregou, cuidou de refestelar-se todo nessa corja --
nunca entendi o motivo. alguns dizem que pirou, outros dizem que foi modismo, outros... outros só riem.
junkies só se
misturam com outros junkies, é sabido.
sei que o encontrei, cacá, aquele moleque magricela de óculos mais embaçados na
hora do sufoco, na boca do lixo. sim,
aquele lugar no centro da cidade, dentro dum apartamento imundo, emporcalhado
de merda pelo chão, sangue espirrado no teto, e nos azulejos brancos da
cozinha por causa dos que se picavam, e aquele cheiro insuportável de
mijo por toda a casa.
perguntei-lhe
como ia, ele disse que "muito bem", e fiquei por
entender essas palavras, mas cuidei de ficar bem e fui pra casa jantar.
eap
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