quarta-feira, 11 de julho de 2012

tão zé

cacá, esse cara, eu sabia que não devia beber -- desde os 16 o conheço. vi-o bêbado pela primeira vez, foi parar no hospital e a mãe dele culpou toda a rua debaixo.
aí todo mundo se afastou dele.
mas entrou de cabeça numa lambuja e se entregou, cuidou de refestelar-se todo nessa corja -- nunca entendi o motivo. alguns dizem que pirou, outros dizem que foi modismo, outros... outros só riem.
junkies só se misturam com outros junkies, é sabido. 
sei que o encontrei, cacá, aquele moleque magricela de óculos mais embaçados na hora do sufoco, na boca do lixo. sim, aquele lugar no centro da cidade, dentro dum apartamento imundo, emporcalhado de merda pelo chão, sangue espirrado no teto, e nos azulejos brancos da cozinha por causa dos que se picavam, e aquele cheiro insuportável de mijo por toda a casa.  
perguntei-lhe como ia, ele disse que "muito bem", e fiquei por entender essas palavras, mas cuidei de ficar bem e fui pra casa jantar.

eap

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