sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Mulher Amada - E Uma de Trevisan

Meia duzia de tabefes, já cai toda chorosa no chão a mulher,
vontade de morrer, matar, irrompe em prantos a flor murcha,
-- João, por que tu não me deixa em paz?...
O dentinho de ouro mordendo o beiço grosso, ainda a unha
cravada no umbigo cabeludo -- e ainda cheira,
-- Ia eu saber viver sem esse...
-- ...mulher amada já não sou!
-- ...assado de panela todo dia? ainda mais roupa lavada?
-- ...bjeto sexual, só...
-- Não fosse isso, voltava pra mãe...
-- Mas tua mãe já morreu, João.
Triunfante musgo na ponta do canino -- um alface,
-- Então o jeito é aguentar, desgracida.


eap
 
 A Dalton Trevisan por seu "Desgracida".











"Só de vê-la -- ó doçura do quindim se derretendo sem morder -- o arrepio lancinante no céu da boca."


(TREVISAN, Dalton. Ah, é?. Editora Record - Rio de Janeiro. 1994, Pg. 15.)

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